domingo, 21 de fevereiro de 2010

Nine (Nine) 2009

Eu não tenho um preferencial por musicais. Em geral acho eles entediantes e "sem noção". Mas confesso que assisti à "Chicago" e gostei. Agora acabo de assistir "Nine" do mesmo diretor, Rob Marshall e não gostei tanto. Apeser de "Nine" ter uma composição de ingredientes poderosos: sete belísssimas e talentosas atrizes (Penélope Cruz como Carla, Marion Catillard como Luisa, Nicole Kidman como Claudia, Kate Hudson como Stephanie, Fergie como Saraghina, Sophia Loren como Sophia Loren e Lilli (Judi Dench), um diretor premiado (Marshall ganhou 6 Oscars com Chicago) e uma premissa inspirada por um dos grandes clássicos da sétima arte (8 1/2 de Federico Fellini), o musical mais parece um prato que sai do forno mas acaba meio sem sal.
Na trama, Guido Contini (Daniel Day-Lewis) é um cineasta italiano considerado genial, mas cujos últimos filmes foram fracassos de crítica e público, o que faz aumentar ainda mais a pressão e a expectativa sobre seu próximo projeto, que por enquanto tem apenas um título: Italia. O fato de não existir um roteiro é simplesmente ignorado pelo estúdio e pelo produtor Dante (Ricky Tognazzi), que já estão produzindo cenários e promovendo o novo filme junto à imprensa. Os jornalistas, por sua vez, o atacam ferozmente em uma coletiva de imprensa com perguntas demasiado sinceras e incisivas - "Será que omaestro já não tem mais o que dizer?".
Mas apesar da referência à obra de Fellini de 1963, a obra atualizada não chega aos pés do original. Se olharmos para o Guido interpretado por Marcello Mastroianni, vemos ali um cineasta sem rumo, mas um home seguro e plenamente consciente de que não há um roteiro, tentando encontrar uma saída e forte o suficiente para admitir que talvez ela não exista. Já o Guido de Lewis é um menino inseguro, desesperado com a situação em que se encontra, precisando do colo da mãe. Isso sem mencionar que o original de 63 o personagem e o roteiro não fazem, durante todo o tempo, nem uma menção firme e definitiva que o problema de Guido é a ausência total de inspiração, o que em Nine, fica evidente nos primeiros minutos do filme. 

O roteiro inexistente de Italia (nome do filme que Guido tenta produzir) faz contraste à profusão de mulheres à volta de seu diretor. Temos sua sensual amante Carla (Penélope Cruz, linda como sempre) que precisa de atenção e a anulada esposa Luisa (Marion Cotillard), com quem ele egocentricamente tenta sustentar um casamento, mas sem sucesso. Na mistura também entramNicole Kidman, que vive a atriz e musa inspiradora Claudia, cuja paixão pelo cineasta não é correspondida; e a atirada jornalista Stephanie, interpretada por Kate Hudson e cujo número musical é um dos mais contagiantes. 
Como se mulheres de carne e osso não bastassem, Guido também busca na memória a lembrança da prostituta de sua adolescência Saraghina (Fergie) e o fantasma de sua falecida mãe (Sophia Loren). Mas é na figurinista Lilli (Judi Dench, ótima) que Guido busca alento, alguém para lhe passar a mão na cabeça, mesmo sabendo que está errado. 



Chega a ser irritante a opção do roteiro em mostrar o personagem indo de uma mulher a outra em busca de uma solução - como se uma delas pudesse entregar-lhe um roteiro prontinho e genial - e ainda assim não aprender nada. A cada encontro o personagem permanece o mesmo, com os olhos focados em seu problema, em vez de aproveitar as possibilidades ao seu redor.




O problema de Nine é a inconstância do roteiro, alternando momentos enfadonhos que chega a dar sono com momentos incríveis, com ótimas perfomances dos atores e dos musicais que não começam do nada e tem sempre lugar no imaginário de Guido ou nos palcos. Destaque para "Folies Bergère", com Judi Dench, "Be Italian", com Fergie, e "Cinema Italiano", com Kate Hudson.




Agora, para quem curte rap, fica a curiosidade e a estonteante surpresa de ver Fergie (do Black Eyed Pies) cantando e dançando como nos musicais da Broadway. 



Ficha completa: http://www.imdb.pt/title/tt0875034/

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